quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O anjo no mármore

Eu vi o anjo no mármore
cavei no carvão da cova
inutilmente: morri.
Mortal, merecida e maleficamente morri.
Como morrem todos dessa mata morta,
como os meninos morrem nesse morro torto,
como a gente morta que de porta em porta morre,
paulatinamente morre.
Esfomeada, esfaqueada e famigeradamente morre.
Como morrem todos dessa favelada,
Como os meninos fracos temem a fivela,
feridos, fatigados e fotografados
meninos da manchete
do mundo moribundo
manchado de mortalha
enfiado na cova,
o covil da morte,
feita de mármore
onde vi o anjo,
e o anjo me viu,

e voou.

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