domingo, 29 de setembro de 2013

Blecaute

Nunca acertamos sempre.
Ninguém sabe toda a verdade.
Quem muito fala muito erra.
As estrelas do céu já não bastam.
Desejos perseguem holofotes.
O princípio morreu e ninguém foi visitar.
Sou contra o sistema, e sempre serei.
Eu leio a Bíblia.
Eu sigo a Lei.
Eu sei que o pecado entrou.
As portas estavam abertas.
O tempo passou e ele ficou.
Quase da família.
Eu apontei e me disseram que eu era louca.
Que aquele era um irmão.
Fui expulsa, tapete e vassoura.
A sujeira ficou lá dentro.
Fechei o meu coração.
Mas a minha casa se abriu.
De manhã eu cantei uma oração.
Ele ouviu.
Eu vi as estrelas dizerem:
O brilho, menininha, é só para o céu.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Hoje


Quando acordou, esbaforido, correu pro carro de atrasado que estava.
Nada do carro dar partida.
O outro, velho, já estava há muito encurralado num assento preferencial.
O trânsito engarrafado.
Ela saiu pra correr à beira do mar, de frente pra casa.
Um sol lindo.
A outra tomou o bebê nos braços pela primeira vez agora.
Felicidade emocionada.
O filho do casal ao lado não resistiu.
Maldito câncer.
O rapaz escondeu o anel no bombom.
Pedido ideal.
Os pais dela não vão chegar pra formatura.
Aviões caem.
E o sol a brilhar, como sempre, para todos.
Entendamos ou não.