sábado, 25 de agosto de 2012

É o que faz o amor.

Acho tão estranho que você me ame.
Vejo você, e é tão perto.
Tudo que é perfeito chega tão perto. Quase alcançam você.
As coisas lindas são assim, amigas suas.
É por isso que não entendo.
Entre o Órion e o Sete-Estrelo;
o nascer e o pôr-do-sol;
o eclipse e a lua nova;
a rosa branca e o jequitibá;
o fogo e a neve;
eu. Por quê eu?
Se todas as sinfonias do universo tocam a seu mando,
o que pode fazer a mais pobre menina,
tão suja da poeira desta terra?
Se você não cabe no poema,
se em você mora o amor em plenitude,
por quê morar em mim?
É muito estranho que você me ame.
Mas entendo que não é por mim. Eu não mereço.
Sei que você me ama porque você é o Amor.
E é isso que faz o amor.
Ama. Incondicional e simplesmente.

domingo, 12 de agosto de 2012

Deixe-me ir, Pai


Pai, deixe-me ir. Pode parecer que eu não sei o que estou dizendo, mas, acredite, pai, eu sei. É muito pior para mim. É bem mais difícil. Mas é o certo agora. Por favor, pai, deixe-me ir.

Deixe-me ir, pai. Eu vou, mas volto. Eu não vou pra nunca mais voltar. Eu vou porque não posso parar. Não há como viver o presente com um pé no passado. Não posso ser menina para sempre. Tenho que voar do ninho. Não ser livre é um grande erro. Preciso pular.

Pai, deixe-me ir. Eu me vou com a certeza de que voltarei. Eu me vou com a certeza de que seu amor me fez quem sou. Eu me vou com a certeza de nunca ter saído, pai, do seu coração. Eu me vou neste agora, só isso. E volto em todos os sempres.

Deixe-me ir, pai. Você já sabe que aprendi sobre o amor. Você já sabe que aprendi sobre a dor. Você já sabe que aprendi o quanto custa pra gente sorrir, pai.

Eu não quero ir, pai. Eu não quero ir se você não souber que eu o amo. Eu não quero ir se você não prometer sempre me responder. Eu não quero ir se você deixar de me amar, pai.

Eu não quero ir, pai. Eu não quero ir a menos que saiba que você é meu grande amor. Eu não quero ir se você se esquecer de que é o homem da minha vida. Eu não quero ir se você se esquecer de que aprendi com você, vivi com você e, acima de tudo, amei você.

Mas deixe-me ir, pai. Vou se você souber que eu nunca vou me esquecer de tudo. Se você prometer que também vai lembrar. Eu vou, pai, se você for comigo sempre em meu olhar.

Deixe-me ir, pai. A mão que despede é a que está no extremo a reencontrar. O coração que parte sempre vai voltar. A saudade é forte, mas preciso ir, pai. Deixe-me ir.

Você sempre vai ser o mais forte. Sempre o mais bonito. Sempre o mais inteligente. Sempre o mais talentoso. Sempre o que sabe tudo. Sempre o que dirige. Sempre o que tem as chaves de casa. Sempre o que empurra o balanço. Sempre o que me faz feliz. Sempre o melhor de todos os homens. Se você não me deixar ir, pai, não conseguirei partir.

Você sabia que chegaríamos a este ponto um dia. Para isso caminhamos, para isso trabalhamos. A nossa recompensa é a partida. Mas, pai, eu prometo, eu não vou esquecer nada, eu vou sempre lembrar tudo. Nada de esquecer, nada de canto qualquer.

Você mora no centro do meu coração. E aqui não há mudanças. Eu prometo, pai. E vou cumprir porque eu aprendi o valor que têm as palavras.

Mas o momento é agora, pai. Deixe-me ir porque não posso me atrasar. A vida me espera e eu não posso adiar. Se eu pudesse, não iria me afastar. Mas não dá. Deixe-me ir, pai.

Mas, pai, antes de ir, posso pedir mais uma coisa só?
Pai, por favor, sempre que puder me receber...

Deixe-me voltar.