terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Se eu tivesse asas...



Se eu tivesse asas, não teria medo de abri-las.
Se eu tivesse asas, não me recolheria nesta caverna.
Se eu tivesse asas, cuidaria bem delas para poder voar sempre.
Se eu tivesse asas, sentiria o prazer de tirar meus pés do chão sem cair.
Se eu tivesse asas, não cairia nunca.
Se eu tivesse asas, fecharia os olhos e só subiria.
Se eu tivesse asas, voaria para outro lugar.
Se eu tivesse asas, voaria até você.
Se eu tivesse asas, visitaria as nuvens.
Se eu tivesse asas, provaria se as nuvens são algodão doce.
Se eu tivesse asas, voaria para o monte mais alto.
Se eu tivesse asas, ouviria a melodia do silêncio no espaço.
Se eu tivesse asas, lembrar-me-ia que meu lar não é aqui.
Se eu tivesse asas, creria de verdade que não há limites.
Se eu tivesse asas, tentaria tocar uma estrela.
Se eu tivesse asas, acompanharia as ondas sonoras da sua voz no ar.
Se eu tivesse asas, entenderia de verdade que nada é impossível.
Se eu tivesse asas, mudaria meu foco.
Se eu tivesse asas, caminharia só pelo prazer de fazê-lo.
Se eu tivesse asas, manteria meus pés limpos.
Se eu tivesse asas, veria a linha do horizonte do outro lado do mar.
Se eu tivesse asas, sonharia mais alto.
Se eu tivesse asas, descansaria.
Se eu tivesse asas, ainda assim tua mão me guiaria.
Se eu tivesse asas, ainda assim tua destra me susteria.
"Assim eu disse: Oh! quem me dera asas como de pomba! Então voaria, e estaria em descanso." (Salmos 55:6)
"Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá." (Salmos 139:9-10)
 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Sem medo de Sonhar


Olhei nos olhos dele. Tive uma vontade imensa de sonhar. Segurei a vontade. "Não posso!", pensei. Já sonhei e me frustrei. Já sonhei e vi meu sonho se desfazer como fumaça. Ele sorriu. Olhou para mim outra vez. "Ai, que vontade de sonhar com esses olhos pra sempre!", foi meu outro devaneio. Abriu a boca e era música no ar. "Você nunca vai se frustrar ao meu lado.", ele disse. Acreditei. Acreditei mais um pouco. Depois, duvidei. "Já ouvi isso antes", lastimei. Como se fosse possível, naquela pura aura, alguma sombra de variação. "Você sabe que o que eu digo é verdade", respondeu ele. Paciente e lindo, muito belo. Tomou minhas mãos e me pôs de pé. "Quero que você caminhe nas pontas dos pés.", pediu. Cavalheiro que ele é. Não dá pra negar um pedido doce como esse. Sem soltar as suas mãos, andei na ponta do pé. Em direção a ele. Até que chegamos tão perto um do outro, que nasceu aquele abraço. E bem no meu ouvido ele cantou. "Minha amada", e desfaleceu meu coração, "mesmo que você caminhe nas pontas dos seus pés, ainda não vai alcançar o céu." Eu sabia. Não podia sonhar. Por que me permiti àquele abraço? Se eu não podia alcançar o céu, por quê andar na ponta do pé? E ele, lendo meus pensamentos, como sempre gosta de fazer, explica: "Você pode caminhar com a ponta do pé na muralha mais alta do mundo.", disse suavemente. E, com um suspiro, afastou-se do meu ouvido para olhar nos meus olhos novamente. "Você nunca vai sonhar o impossível a ponto de se frustrar." Então, como se fosse a lei mais natural do universo, ou como se nunca na história  da minha vida eu houvesse sofrido por nada, ele continua a música: "Não tenha medo. Os meus sonhos sempre serão mais altos que os seus." Suspirei. Era inevitável me apaixonar por ele. E me rendi ao melhor beijo da minha vida, na mais linda e inesquecível dança numa noite de luar.

"Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos que os vossos pensamentos."