sexta-feira, 22 de março de 2013

Mensagem de Texto

Ponto do ônibus. Eu, sob o sol, tentando identificar os letreiros. Parque de tubos? Não. Florestinha? Não. Macaé... não chega de jeito nenhum. Olho a hora. Ah, tem tempo. Adiantei hoje. João Alexandre, música... celular! A gente conversa. Mãe, já saí da loja sim. Sério? Segue reto, vocês vão me ver. Aceno. Entro no carro. Surpresa boa! Já almocei, mas vou com vocês. Tá, a gente passa na loja antes. A gente conversa. É, o fim de semana foi assim. Pai, come tranquilo porque eu tenho tempo. Mas a bebê tá linda demais, né? Também gostei da peça. Vamos então. Eu explico o caminho que o ônibus faz. A gente pode perguntar, qualquer coisa. Falo com minha vó. Beijo, tchau! Que bom que vocês estão me trazendo, a gente pode conversar no carro. A gente conversa. Aqui é Parque de Tubos. Não, ainda tá longe do trabalho. Segue o fluxo. A gente conversa. Vocês podem ficar comigo um tempo, claro! Penso se eles vão conseguir parar o carro. Uma saudade. Isso, pega a direita e retorna subindo à esquerda. Acho que é isso mesmo. Essa é a Cavaleiros, famosa. Tão bom estar junto. O caminho tá igual, mas com vocês, tudo muda. Sem vocês... tudo muda. Continua, pai, sentido Centro. É isso mesmo. A gente conversa. Adorei vir com vocês. Chegamos na praça, agora tá perto. Ali na frente tem placa, viu? Rodoviária é à esquerda. Aqui. Pode parar se quiser. Vai me levar lá? Tudo bem, tá pertinho. Direita e... chegamos! Sobe na calçada rapidinho. Pai, também te amo. Aperto de mão, sorriso. Obrigada por tudo. Bolsa, pasta, porta. Mãe, te amo também. Abraço, beijo. Atravesso a rua. Eles continuam. Juntos, os dois, como começaram. Eu fiquei. Trabalho, seguir a vida. Sala de professores, café. Nervosismo de primeira aula. Tranquila, todo mundo aqui passou por isso. Obrigada, gente. Fichas, livro, material. A colega terminou com o namorado ontem. Fica assim não. Pausa pra mim. Vou para o jardim. Sento no banco de madeira. Lindo. Celular. Oi, amor... que saudade! A gente se vê quinta-feira. Mensagem de texto. Você me levou ao trabalho hoje como antes. Beijos. Enviar para... Pai. Fim da pausa. Volto para a sala dos professores. Material. Tranquila, você vai se sai bem. Obrigada, gente. Fichas de alunos. Pra qual sala eu vou? Nove? Obrigada. Que turma grande! Vamos lá. Sorriso, postura, partilhar o que aprendi. Fim da aula. Preencho os pontos. Sala de professores. Guardo o material. Secretaria, fichas de alunos. Pontos. Boa noite, pessoal. Rua, rodoviária. Esse é o Unamar? Mensagem de texto. Indo para casa. Mãe ligando. A gente conversa. Fala com a sua irmã. Saudade. Amo você. Cheguei. Meu irmão me esperando no carro. Está tarde, não é muito seguro. Casa. Comida boa. Risada gostosa. Todos se ajeitam. Toalha. Banho... não, mensagem de texto chegou. Leio. Choro. Dizem boa noite. Escondo o rosto e respondo de voz limpa. Choro mais. Corro para o banheiro. Choro. Roupa, água, sabonete e lágrimas. Toalha. Choro. Espelho. Espelho da vida, música do meu pai. Choro mais. Disfarço o barulho. Lavo o rosto. Saio, converso, sorrio. Fecho a porta do quarto. Choro. E choro outra vez. Por quê, meu Deus, tem que ser assim? Porque
"Nada será como antes. A vida segue soberana. Quando precisar, estarei aqui, te amando como sempre.”.
Para meu querido pai, que revolucionou o meu dia (e a minha vida inteira) com uma mensagem de três frases.